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Foto: Arquivo Fumdham
O Piauí perdeu na madrugada desta quarta-feira (4) uma das personalidades que mais contribuíram para revelar ao mundo as riquezas do estado, especialmente no campo da arqueologia do Parque Nacional da Serra da Capivara. A arqueóloga Niède Guidon faleceu nesta quarta-feira (4), aos 92 anos. Em reconhecimento à sua trajetória e legado, o Governo do Piauí decretou três dias de luto oficial.
Reconhecida internacionalmente, Niède dedicou mais de meio século à pesquisa e à proteção do Parque Nacional Serra da Capivara, transformando a região em referência mundial para a arqueologia e a preservação do patrimônio cultural.
Natural de Jaú (SP), Niède foi responsável pela coordenação das pesquisas que revelaram ao mundo a presença milenar do homem nas Américas. Sua trajetória foi marcada pela luta incansável pela preservação do parque, que tem sua riqueza histórica e natural reconhecida como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em 1991.
Foto: Arquivo Fumdham
Além de sua contribuição científica, Guidon teve papel fundamental na promoção do desenvolvimento sustentável da região. Como idealizadora e diretora da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), ela implementou projetos de pesquisa, educação e turismo que transformaram a Serra da Capivara em um polo de conhecimento e geração de oportunidades para a população local.
Foto: Arquivo Fumdham
O Governo do Piauí reconhece o legado inestimável deixado por Niède Guidon, que permanecerá vivo na memória dos piauienses e de todos que lutam pela valorização da ciência, da cultura e do meio ambiente. Sua trajetória inspira a continuidade dos esforços para a conservação da Serra da Capivara e para o fortalecimento da arqueologia brasileira.
Governador lamenta morte de Niède Guidon
Em suas redes sociais, o governador Rafael Fonteles lamentou a morte da arqueóloga Niède Guidon. O gestor destacou que ela é uma referência mundial na arqueologia e que suas pesquisas transformaram o Piauí em protagonista global na conservação da natureza e do patrimônio cultural da humanidade.
Rafael reforça que a contribuição de Niède seguirá inspirando gerações.
Confira a nota de pesar do Governo do Estado do Piauí:
Nota de pesar
O Governo do Estado do Piauí lamenta, com o mais profundo pesar, o falecimento da arqueóloga Niède Guidon, aos 92 anos.
O legado de Niède para a ciência e a arqueologia são inestimáveis.
A arqueóloga paulista revelou para o mundo inteiro a riqueza do que hoje é o Parque Nacional Serra da Capivara.
Suas pesquisas revolucionaram o modo de pensar o povoamento das Américas.
O Piauí será eternamente grato pela contribuição de Niéde para o desenvolvimento do Piauí e pela transformação social e ambiental que ela promoveu em nosso estado.
O Estado se solidariza com os familiares, pesquisadores da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) e com todos que fazem o Parque Serra da Capivara.
Em reconhecimento a sua grandiosidade, o Governo do Piauí decreta três dias de luto oficial pela morte da arqueóloga.
Governo do Estado do Piauí
Teresina, 04 de junho de 2025
Nota de Pesar da UFPI
O Centro de Ciências da Natureza da Universidade Federal do Piauí lamenta profundamente o falecimento da arqueóloga Niède Guidon, ocorrido nesta quarta-feira (04/06/2025), aos 92 anos.
Referência na arqueologia brasileira, dedicou sua vida à pesquisa e preservação do Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), revelando ao mundo a riqueza pré-histórica do Brasil e revolucionando estudos sobre o povoamento das Américas. Seu trabalho incansável na Fumdham e sua luta pela ciência e pelas comunidades locais deixam um legado imensurável.
Nossas condolências aos familiares, amigos e iradores.
Piauiense de coração, paulista de Jaú (SP)
Niède nasceu em 12 de março de 1933, em Jaú (SP), filha de pai francês e mãe brasileira. Ela se formou em história pela Universidade de São Paulo (USP) em 1959 e obteve o doutorado em pré-história pela Universidade de Paris em 1975.
Já como professora na França, a pesquisadora viajou a São Raimundo Nonato em 1970, onde conversou com moradores sobre as pinturas rupestres presentes nos sítios da cidade. Ela fotografou tudo que pôde e voltou três anos depois, acompanhada de um grupo de alunos.
"Quando eu vim aqui a primeira a vez e vi tudo isto, eu compreendi a importância de proteger tudo. Então eu consegui criar a fundação e lutar para manter então o parque nacional", afirmou Niède em sua última entrevista à TV Clube, em agosto de 2022.
Os desenhos encontrados por Niède e seus alunos abriram portas para uma nova teoria: a de que a chegada do homem à América aconteceu muito antes do que se pensava.
Seus achados indicam a presença humana anterior à teoria do Estreito de Bering, que datam de 13 mil anos o povoamento das Américas pelo Homo sapiens, vindo da Ásia.
Criação da Serra da Capivara 311n6k
Paredões com cerca de 200 metros formam paisagem da Serra da Capivara — Foto: Terra da Gente
Em 1978, as pesquisas dela despertaram o interesse de biólogos e paleontólogos de todo o mundo, o que resultou na missão franco-brasileira. O objetivo da missão era estudar a pré-história, o meio ambiente e a sociedade do "berço do homem americano".
No ano seguinte, em 1979, o Parque Nacional da Serra da Capivara foi criado. A Fundação do Homem Americano surgiu logo depois, em 1980, para facilitar e financiar as pesquisas na região.
O trabalho de Niède revelou mais de 800 sítios pré-históricos, com pinturas rupestres, ferramentas e outros vestígios dos primeiros habitantes humanos da América, descobertos em escavações arqueológicas.
As escavações foram realizadas principalmente em abrigos rochosos naturais com muitas pinturas rupestres.
Graças às descobertas da arqueóloga, a Unesco reconheceu o Parque Nacional da Serra da Capivara como patrimônio cultural da humanidade em 1991.
Reconhecimento e homenagens 4d4669
A importância do trabalho de Niède foi reconhecida por todo o mundo, e ela recebeu homenagens de todo tipo: desde documentários aos nomes de um pássaro e uma ópera.
A arqueóloga também foi o tema central de um espetáculo da Ópera da Serra da Capivara. A apresentação retratou diversos momentos da vida da arqueóloga, da infância a fase adulta.
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